Brasília – A CPI das Apostas Esportivas, em andamento no Congresso Nacional, escancarou o que muitos já suspeitavam: por trás das cores vibrantes e das promessas de lucro fácil em plataformas como o “Jogo do Tigrinho”, existe um sistema cruel, manipulado, e construído para destruir vidas — principalmente as dos mais pobres e vulneráveis.
Durante os depoimentos, um dos mais impactantes foi o da influenciadora Virgínia, que confessou à CPI que os vídeos de “ganhos fáceis” que circulam nas redes sociais são falsos, gravados em contas de demonstração criadas pelas próprias plataformas para simular lucros e iludir seguidores.
“É tudo encenação. A conta usada por influenciadores não é real. ”, declarou Virgínia em depoimento.
As plataformas de apostas eletrônicas, segundo os investigadores da CPI, funcionam com algoritmos programados para garantir que a “casa” — ou seja, a empresa — vença sempre. Mais de 95% dos jogadores saem no prejuízo, segundo dados apresentados na comissão.
E por que continuam jogando? Porque são levados a acreditar, por influenciadores e propagandas, que a sorte é real e que o sucesso financeiro está a apenas um clique de distância.
É um engano cruel que se aproveita principalmente de quem tem menos instrução, menos estudo e menos acesso à informação.
O que começa como um “joguinho de celular para se divertir” tem se transformado em tragédia na vida de milhares de brasileiros. Relatos se multiplicam país afora — e agora estão vindo à tona também nos noticiários — de pessoas que se endividaram, perderam tudo, e até tiraram a própria vida.
Um dos casos mais chocantes foi o de um mecânico de 52 anos em Diamantino (MT). Após perder R$ 200 mil no Jogo do Tigrinho e contrair dívidas com agiotas, ele desapareceu. Seu corpo foi encontrado dias depois, em decomposição dentro de seu carro. A polícia confirmou o suicídio e as dívidas com apostas.
Outro caso registrado envolve uma mulher de 39 anos que, viciada em jogos de cassino online, acumulou uma dívida de mais de meio milhão de reais. A família só descobriu o problema após sua morte trágica.
Essas histórias não são isoladas. Segundo entidades de saúde mental, a dependência gerada pelas bets tem provocado explosão na procura por tratamento psiquiátrico e apoio psicológico, principalmente entre jovens e adultos de baixa renda.
Diante do impacto social devastador, parlamentares estudam banir a propaganda desses jogos em redes sociais e meios de comunicação, além de exigir regulação rigorosa e transparência total sobre os algoritmos e operações financeiras dessas empresas.
A TV Novo Progresso alerta: não existe lucro fácil em plataformas de apostas. Quem ganha são apenas os donos das plataformas e os influenciadores pagos para enganar.
Esses jogos não foram criados para divertir. Foram desenhados para viciar, manipular e sugar até o último centavo de quem já tem pouco.
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